A Santa Casa de Franca, o maior hospital da região a atender pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde) e o único que atende a alta complexidade (oncologia, cirurgias cardíacas e neurológicas), prepara a paralisação de todas as internações de novos pacientes, incluindo urgências e emergências, no máximo até segunda-feira. As dívidas acumuladas, que chegam a R$ 56 milhões – R$ 45 milhões são empréstimos bancários e R$ 11 milhões débitos com fornecedores – levaram o hospital a uma situação de colapso. Os estoques de medicamentos, inclusive para tratamento de câncer, material descartável (como luvas, gaze, sondas e seringas) e até comida dos pacientes internados estão no limite de segurança. O volume disponível é suficiente apenas para atender quem já está internado.
A quarta-feira foi tensa nos corredores da Santa Casa. Diversas reuniões, realizadas com líderes das áreas técnica, administrativa e jurídica, movimentaram o dia. Duas fontes distintas, que participaram destas reuniões e só concordaram em conceder entrevista sob a condição de ter seus nomes preservados, garantiram ao Comércio que a situação é insustentável. “Não há dinheiro para nada. Os fornecedores estão impacientes e, sem pagamento, suspenderam a entrega dos insumos. O jeito é parar”, disse um dos participantes das sucessivas reuniões.
Pelo plano esboçado pela diretoria do hospital ao longo dos últimos dias, há duas datas possíveis para o início da suspensão do atendimento: a noite de sexta-feira ou a noite de domingo. Os dois hospitais particulares da cidade, agora sob controle unificado, serão notificados nas próximas horas para que se preparem para atender ao aumento da demanda. Uma reunião com o comando da Polícia Militar, na manhã de ontem, tratou de advertir as autoridades de segurança pública para que se preparem para evitar tumultos na porta do hospital.
O deputado estadual Gilson de Souza (DEM) confirmou, na noite de ontem, que tem pressionado o governo do Estado para tentar evitar a paralisação. Segundo ele, uma auditoria realizada por equipes designadas pela secretaria estadual de Saúde confirmou que o déficit mensal da Santa Casa é significativo e apontou a necessidade de aumento no volume de repasses. Hoje, o Estado repassa R$ 270 mil mensais para o hospital. Os números apurados indicariam a necessidade de aumentar este valor em oito vezes, elevando a quantia para R$ 1,6 milhão. “Estamos lutando para sensibilizar o governador (Geraldo Alckmin, do PSDB) para a urgência do problema. A Santa Casa não pode ser ignorada.”
O superintendente do hospital, Fernando Bueno, admite a gravidade da situação, mas evita falar em datas. “A iminência de suspender novos atendimentos existe. Se vai ser sexta, se vai ser segunda, decidiremos na reunião de amanhã (hoje).” Segundo ele, o Ministério Público, a quem compete a fiscalização de fundações como a Santa Casa, está ciente da decisão de suspender os atendimentos.
Fonte: Portal GCN