Meteorologia aponta o janeiro mais seco de Joinville em 18 anos


O joinvilense deve ter percebido que janeiro foi um mês seco na cidade acostumada com a chuva. As enchentes, que chegaram a ser cansativas, principalmente nos verões de 2009 a 2011, passaram longe até da lembrança. Nem mesmo a rua 9 de Março, no Centro, chegou a ficar sob um palmo de água neste ano, cena comum em trovoada ou maré alta.

A seca não é só percepção. Dados da estação meteorológica da Universidade da Região de Joinville (Univille), na zona Norte, mostram que janeiro de 2013 foi o mais seco desde que a medição começou, há 18 anos. Choveu 137,8 milímetros, quando a média para o mês – o mais chuvoso na cidade – ultrapassa os 350 mm.

A constatação é a mesma em uma estação da Defesa Civil, na zona Oeste, que existe desde 2008. Por lá, choveu 143,1 mm. Menos ainda, e olha que na zona Oeste a precipitação sempre foi um pouco maior do que nas outras regiões da cidade durante chuvas torrenciais, segundo observado nos anos anteriores.

Quando pessoas que tinham imóveis na cidade de Joinville ou a casa afetados em anos anteriores diziam, assustadas, que nunca tinham visto tanta chuva, ou mesmo quando o governo anterior reclamava do excesso de chuva a esburacar ruas e atrasar obras, não era só impressão ou desculpa esfarrapada.


Em janeiro do ano passado, por exemplo, choveu 303 mm, mais que o dobro da média de 2013. A última chuva realmente forte, que afetou vários pontos da cidade, foi em maio do ano passado (135 mm em um único dia). Antes de 2012, as precipitações foram ainda maiores (veja abaixo). O primeiro mês de 2013 foi o mais seco registrado nos últimos 18 anos.

Fevereiro sem enchentes

A explicação dos meteorologistas para o janeiro com pouca chuva é uma massa de ar seco que ficou estacionada sobre a região Sul em boa parte do mês, dificultando a entrada de frentes frias, o que só aconteceu no último fim de semana. O fenômeno se repetiu pelo País, baixando o nível de reservatórios e pondo em risco a produção de energia elétrica.

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A previsão, pelo menos até abril, é de que a chuva se mantenha abaixo ou perto da média em quase todo o Estado, segundo a Ciram/Epagri, órgão que monitora o clima em SC. Fenômenos como El Niño ou La Niña, que mudam a temperatura do oceano Pacífico e provocam grandes volumes de chuva, como observado em anos anteriores, estão descartados.


Na prática, deve chover um pouco mais do que em janeiro, mas não a ponto de causar enchentes como em outros anos. Ou seja, a não ser por trovoadas de verão, que podem provocar aqueles alagamentos repentinos, a probabilidade é de que a rua 9 de Março, no Centro, não se transforme em rio tantas vezes como visto nos janeiros anteriores, nem que moradores de outros pontos da cidade sofram com aquelas semanadas de água ameaçando entrar em casa.

Recordes nos janeiros anteriores

Em janeiro de 2009, quando a cidade e o Estado de Santa Catarina mal calculavam os estragos da catástrofe de novembro de 2008, que matou 135 pessoas em SC, desabaram 404 mm na Univille, acima da média do mês. No janeiro de 2010, a Univille registrou um recorde: 616 mm de chuva, quase o dobro da média mensal, fazendo daquele mês o segundo mais chuvoso desde o começo da medição (o ano perde apenas para o novembro de 2008, quando absurdos 974,3 mm alagaram Joinville).

O “AN” destacou a chuva na época, como em 6 de janeiro de 2010, quando a manchete foi “O Centro vira rio. De novo”, com a rua 9 de Março sob palmos d’água.

Em 2011, a Univille registrou 511,9 mm, acima da média mensal. Se for considerada a estação da Defesa Civil, no Vila Nova, houve outro recorde: 783 mm naquela região. Foi quando bairros da zona Oeste, como o Morro do Meio, ficaram mais de um metro debaixo d’água por dias, no fim do mês, e ruas, como a Coronel Santiago, no Anita Garibaldi, viraram rios, segunda capa de “AN” de 11 de janeiro daquele ano.

Fonte: A Notícia