Mercado de aviões movimenta São José dos Campos


Em São José dos Campos, no interior de São Paulo, pequenas empresas fornecem peças para fabricantes de aviões. A cidade é o maior polo aeroespacial da América Latina: 130 empresas atuam no setor. O mercado é competitivo e os lucros altos.

A produção de peças, motores e até aeronaves inteiras movimenta a economia da cidade. O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) reuniu 60 empresas em um Arranjo Produtivo Local (APL). Elas negociam diretamente com a Embraer e, juntas, faturam R$ 621 milhões por ano.

A empresa de Alex Gabriel Siqueira, de usinagem, fabrica 400 tipos diferentes de peças. A Embraer é a principal cliente. “75% da nossa produção é destinada à Embraer”, diz o empresário.

Siqueira explica a parceria. A Embraer envia o projeto de cada produto e a liga de alumínio a ser usinada. A indústria executa, entrega a encomenda e devolve as sobras de material. O pedido mais recente é uma peça chamada painel cinco, que custa R$ 150. A peça é usada nas asas de um jato, o 190, produzido pela Embraer.


O Arranjo Produtivo Local é uma parceria do Sebrae com o Centro de Competitividade e Inovação (Cecompi) para o cone leste. O trabalho começou com uma análise das pequenas empresas que atuam no setor aeroespacial.

“É um setor importante para a economia da região, porque gera muito emprego, gera renda, e para o Brasil também. É o segundo produto em exportação não commodity do Brasil, que tem um alto valor agregado, gerando muito dinheiro para o país em exportações”, revela Agliberto Chagas, do centro.

O Sebrae oferece cursos de gestão para os empresários que participam do APL.

“Muitas vezes eles não sabem como fazer a formação de preço, fluxo de caixa, ampliação de mercado, planejamento”, explica Tereza Monica Sartori Marcheto, do Sebrae de São José dos Campos.

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Siqueira também aprendeu a organizar o setor produtivo. Ele dividiu a indústria em cinco células. Aproximou as máquinas, padronizou o trabalho e implantou novas tecnologias

Plástico

Uma indústria transformadora de plástico também participa do arranjo produtivo. A empresa de Takashi Tsurumaki tem 70 funcionários e faz dois mil modelos diferentes de peças, como o teto da cabine do piloto e o duto de distribuição de ar. São 60 mil itens produzidos por ano.

A empresa faz, em média, 15 unidades de cada peça por mês, uma para cada avião fabricado pelo cliente. O negócio é tão bom que continua lucrativo mesmo quando a aeronave deixa de ser produzida.

“Mesmo que o avião saia de linha, aqueles que foram vendidos continuam precisando de peças de reposição. Portanto, nós continuaremos fornecendo por um bom tempo”, diz Tsurumaki.
Com os cursos oferecidos pelo APL, o empresário conseguiu montar um programa de competitividade e excelência. Um conjunto de normas que melhora o trabalho interno e também a relação com os clientes.

“Nosso foco foi girado 100% a atendimento às necessidades do cliente, seja na qualidade, seja no atendimento e também nos preços dos produtos fabricados”, explica o empresário.
As empresas do APL fornecem 80% das peças produzidas para a Embraer. Hoje, elas querem ampliar o mercado e conquistar novos clientes, principalmente no exterior

“Nossas metas são aumento de faturamento de 30%, aumento da produtividade desses empresários também de 30% e diminuição de custos também de 30%”, diz Tereza, do Sebrae.

Fonte: G1