Corregedoria indicia PMs suspeitos de tortura em São José dos Campos


A Corregedoria da Polícia Militar indiciou 14 policiais por crimes de tortura e violência sexual em São José dos Campos, interior de São Paulo. O processo com os indiciamentos chegou na última quarta-feira (24) à Justiça militar. Os policiais foram enviados a São José para ajudar na segurança da cidade enquanto era feita a reintegração de posse da favela do Pinheirinho.

Foram indiciados 13 policiais da Rota e um PM do Copom de São José dos Campos, que recebeu a denúncia na época, mas não tomou as medidas necessárias, segundo as investigações. O caso foi encaminhado agora à Justiça Militar. Os policiais militares podem ser expulsos da corporação, além de serem julgados pela Justiça comum. Eles têm entre sete e 27 anos de corporação.

O caso ocorreu no dia 22 de janeiro do ano passado, às 23h30, no bairro Campo dos Alemães, que fica ao lado da área conhecida como Pinheirinho. Segundo a Corregedoria, a abordagem foi feito porque três homens, duas mulheres e um menor estavam usando drogas. Segundo a polícia, um deles também estava com uma arma. Na versão das vítimas, elas foram torturadas, agredidas, e as duas mulheres e o rapaz sofreram abuso sexual.

A assessoria de imprensa da PM informou que os policiais supostamente envolvidos no caso não participaram da ação de reintegração de posse da área do Pinheirinho, que ocorreu no período da manhã e terminou no início da tarde. Os PMs foram designados para reforçar o policiamento em bairros próximos à área onde ocorreu a reintegração de posse, como no Campo dos Alemães, distante 3 km do Pinheirinho.


“A história apresentada, os momentos apresentados de reconstituição, não batem, nem por parte dos próprios policiais. Porque no momento, eles alegam, tinha um policial do 1º (batalhão) de Choque na ocorrência. E esse policial não estava na ocorrência. E foi provado. E teve um momento que esse policial, ele abre o jogo e fala: ‘Eu realmente não estava nesta ocorrência.'”, disse Marcelino Fernandes da Silva, porta-voz da Corregedoria da Polícia Militar.

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De acordo com a Corregedoria, laudos comprovam as versões das vítimas.

Reintegração
A reintegração de posse da área conhecida como Pinheirinho ocorreu na madrugada do dia 22 de janeiro do ano passado. No local, viviam aproximadamente 1,6 mil famílias, totalizando cerca de 5,5 mil pessoas. O terreno de mais de 1 milhão de metros quadrados era ocupado há oito anos e pertencia à massa falida da empresa do empresário Naji Nahas.

A operação de desocupação da área teve início na madrugada do dia 22. A polícia se reuniu em cidades vizinhas para cumprir a liminar que ordenava a reintegração da área invadida. Os policiais cercaram o terreno, e o carro blindado da PM entrou na frente seguido pela Tropa de Choque e pela equipe da Rota de São Paulo. O restante do efetivo usado na ação aguardouna área externa à ocupação. Dois helicópteros Águia, da PM, participaram da operação.


Fonte: G1