Franca voltou a registrar recorde de tempo seco nesta semana. Ontem a umidade relativa do ar atingiu mínima de 17%, a menor de 2012, e deixou a cidade em estado de alerta. Na terça-feira, havia sido 18%. Não chove há 36 dias. Os dados são do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia). A baixa umidade pode provocar complicações respiratórias e aumenta os riscos de queimadas.
A notícia não é boa. Segundo o Inmet, hoje e sábado, os índices continuarão baixos, por volta dos 20%. A aproximação de uma frente fria no início da próxima semana pode provocar chuva terça-feira, mas um volume insignificante.
A queda dos índices de umidade obriga os francanos a mudarem suas rotinas. A Secretaria Municipal da Saúde orienta os professores a alterarem as aulas de educação física. Neste e no próximo mês, as atividades devem ser mais leves e a ingestão de líquidos reforçada. A medida atinge 17 mil crianças, de 4 a 11 anos, em 36 escolas que têm aulas esportivas de uma a duas vezes por semana.
Os professores estão desenvolvendo o Projeto Folclore, comemorado neste mês, e isso permite que os estudantes façam trabalhos sentados e sem muito esforço. Na quarta-feira passada, às 16 horas, as crianças do 2º ano da Escola “Professor Fausto Alexandre Souza Teodoro”, no Santa Bárbara, tiveram aula de educação física. Mas a quadra de esportes, mesmo coberta, estava desocupada. As crianças brincaram com um tabuleiro grande de dama colocado no chão e futebol de botão, sempre à sombra. “Com a estiagem, as atividades são menos intensas e o consumo de água maior. Procuro mais atividades de estratégia, que exigem esforço mental”, disse o professor Américo Rossato.
A escola possui uma área com mesas de pingue-pongue, pebolim e para jogos de dama. A aluna Maria Eduarda Silva, 7, do 2º ano, aprova o espaço e o estilo das aulas. “Tenho dor de cabeça quando o tempo está seco. Bebo água para melhorar. É bom o professor dar atividades calmas nesses dias.”
A Secretaria de Estado de Educação recomenda aos professores de educação física a manterem as aulas, mas com exercícios mais moderados e praticados pela manhã ou fim da tarde. Os alunos estão orientados a beber água com frequência, ter alimentação saudável e usar roupas leves.
INCÔMODO DIÁRIO
As donas de casa Neuza Leite Costa, 66, e Leonilda Santos, 65, moradoras da Vila Santa Terezinha, sofrem com o tempo seco, mas não encontram muitas alternativas para amenizar seus efeitos. “Com as queimadas nos terrenos, fica tudo pior. Incomoda demais porque dá falta de ar, resfriados direto. Tive pneumonia em julho e fiquei mais de mês doente, tomando antibiótico. É muito ruim”, disse Neuza. Leonilda se queixa também. “O vento, a poeira e fumaça me dão muita ardência no nariz.”
A qualidade do ar acaba mais prejudicada com as queimadas. O lixo e mato seco pareciam pólvora num terreno no Recreio Campo Belo sendo incendiado na tarde de quarta-feira. O sargento Cleber Teixeira, dos Bombeiros, estima que a corporação receba entre 15 e 20 chamados por dia para controlar focos de incêndio em matas e terrenos baldios, nas áreas urbana e rural, inclusive em cafezais, que estão bem secos.
Teixeira disse que a maioria das queimadas é resultado da ação humana. “Na maioria dos casos o homem põe fogo para exterminar o mato e insetos. É um costume equivocado que prejudica o ar e agrava problemas respiratórios nesse momento em que o clima já está seco.”
Fonte: Portal GCN