Após investir em operações repressoras para combater crimes no Morumbi, na zona sul de SP, a Polícia Militar agora aposta no policiamento comunitário dentro de Paraisópolis. No último sábado (dia 17), duas novas bases móveis passaram a funcionar nas ruas da favela. Os equipamentos foram utilizados como exemplo para a polícia carioca na criação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs).
Outra base já existente, na entrada da comunidade, continuará aberta para melhorar a sensação de segurança do bairro. O Morumbi enfrenta uma onda de violência desde o ano passado, quando PMs de outros bairros foram chamados para a região. No último final de semana, pelo menos sete pessoas foram presas por roubar pedestres e tentar atacar residências. Nos primeiros três meses de 2011, 62 casas foram invadidas. Este ano, segundo o tenente coronel Ulisses Puosso, do 16° Batalhão, o número não passa de 20. Os arrastões a restaurantes também preocupam: desde janeiro foram quatro ocorrências assim.
O coronel explica que as bases são inéditas no local e terão seis policiais que não serão trocados. O objetivo é que eles criem um vínculo com a população e até sejam chamados pelo nome. “Queremos dar uma referência para as pessoas e ouvi-las, para criar um elo de confiança. Fazer o policial ser um mediador de conflitos”, explica o oficial. Além dessas missões, o PM poderá registrar boletins de ocorrência de furtos e receber denúncias.
Nos anos de 2005, 2009 e 2011, Paraisópolis foi palco de três operações Saturação – quando a Tropa de Choque da PM ocupa as ruas e faz um ‘pente-fino’ entre moradores. No ano passado, outra tática foi adotada: a Operação Colina Verde – montada para reduzir os roubos. Para Puosso, a saturação não é suficiente. “Isso só não resolve, é uma solução imediatista. Estamos num momento à frente. O ideal é utilizar o policiamento comunitário”, acredita.
Julia Titz, presidente do Conselho de Segurança (Conseg) do Morumbi, afirma que a operação Colina Verde foi fundamental para reduzir crimes. “O clima de segurança ficou muito melhor e houve um estreitamento entre a polícia e os moradores”, conta. Já o presidente do Conseg Portal do Morumbi, Celso Cavallini, diz que a chegada das bases móveis vai “irradiar segurança” em Paraisópolis.
O coronel Puosso acrescenta que os índices de violência no Morumbi apresentam queda. Entre 1º de janeiro e 10 de março, foram registrados 20 roubos a residência, ante 62 no ano passado. “Ainda é muito, concordo, mas houve redução significativa.”
Segundo o capitão Sergio Marques, porta voz da PM, o uso de bases móveis é uma tendência na capital. Atualmente, são 93 em operação e outras 47 fixas. O oficial explica que, para trabalhar nesses locais, todos os PMs passaram por um treinamento que varia de uma semana a um mês na Diretoria de Polícia Comunitária e Direitos Humanos (DPCDH).
“A PM de outros Estados vem fazer curso com a gente. Os oficias das UPPs do Rio de Janeiro aprenderam aqui, mas nessa ação, primeiro eles pacificam a área com o Exército e Bope. Isso em São Paulo não acontece. A PM entra em qualquer favela”, lembra.
Fonte: Jornal da Tarde