Foi enterrado na tarde desta quarta-feira (17) um jogador de futebol de 19 anos que morreu após passar mal durante uma partida de um campeonato amador realizado em Franca (SP) no último domingo (14). O lateral Gustavo Fernando Machado de Souza sofreu uma parada cardíaca no segundo tempo do jogo e foi levado para a Santa Casa da cidade, onde morreu na noite de terça-feira (16) depois de dois dias de internação.
A assessoria de imprensa da Santa Casa informou que o jogador sofreu várias paradas cardíacas antes de morrer e chegou a ser reanimado pelos médicos, mas os especialistas constataram a falta de oxigenação no cérebro.
Gustavo era lateral direito no Imperador Futebol Clube e disputava a Copa Ascaf pela categoria juniores. Aos 28 minutos do segundo tempo, o jogador agachou no campo e logo em seguida caiu desacordado no gramado. O técnico do time e um auxiliar prestaram os primeiros socorros, mas não havia uma ambulância no local. A equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) levou cerca de 15 minutos para chegar ao campo do clube Miramontes, onde a partida estava sendo disputada.
O presidente da liga amadora da cidade, Antonio de Padua, explicou que não há obrigação da presença de uma ambulância em campo no torneio de várzea. “Não existe obrigatoriedade de ter ambulância dentro do estádio no futebol amador. Talvez, de agora pra frente, a gente mude algo nesse sentido”, alegou.
Exames em dia
O pai do atleta, Sebastião Vicente de Souza, disse que o filho fazia exames no cardiologista a cada seis meses e acredita que a morte do rapaz tenha sido uma fatalidade. “Os médicos diziam que ele tinha coração de atleta, que ele estava apto para jogar futebol. O coração dele batia pausadamente, muito normal. A gente não culpa ninguém. Tinha que acontecer, foi coisa de Deus. Ele podia estar jogando futebol ou videogame que isso aconteceria da mesma forma”, comentou.
O presidente do Imperador Futebol Clube, Carlos Silva, também lamentou a morte do jogador e disse que o time não tem condições financeiras de manter um médico para avaliar os atletas. “Ele tinha passagem pelo Juventude (RS) e pelo Caxias (RS). Então ele já havia feito vários exames. Ele se cuidava. Em time amador é assim, o jogador é que cuida da própria saúde, o time não tem condição de bancar. O jogador não recebe nada, joga por amor.”
Especialista
O cardiologista Nilson Salomão, especialista em atletas de alto rendimento, explicou que nem mesmo os exames periódicos podem evitar as paradas cardíacas em atletas jovens como Gustavo já que algumas causas de morte súbita ainda são desconhecidas. “Existem patologias que a gente conhece bem, como é o caso da morte por miocardiopatia hipertrófica, a mesma que matou o jogador do São Caetano, Serginho. Algumas, entretanto, não são conhecidas e é difícil prever que a pessoa vai morrer assim”, disse.
O médico disse ainda que um jogador de futebol, mesmo que amador, precisa fazer uma bateria de exames periódicos para exercer a atividade. “Todo paciente, principalmente jogador de futebol, precisa ter uma história clínica bem feita pelo cardiologista. Será que foi o esforço físico que o levou a morte mesmo? Existe mal súbito até durante o sono. É complicado afirmar que ele morreu por estar jogando futebol”, concluiu.
Fonte: G1