Até o final deste ano, uma em cada três famílias pobres de Franca deve deixar a linha da miséria. Serão 3,6 mil lares que deixarão a Classe E e entrarão para a Classe D, que compreende famílias com renda entre R$ 870 e R$ 1.310 mensais, de acordo com os índices da ABEP (Associação Brasileira de Estudos Populacionais). A constatação é de um estudo feito pelo Instituto IPC Marketing, que analisa o poder de consumo da população. Segundo o levantamento, Franca deve fechar 2012 com 8.019 famílias com renda menor a R$ 870 por mês. Um número 30% menor que as 11.612 do ano passado.
Para o professor de economia do Uni-Facef, Hélio Braga Filho, essa redução da pobreza está diretamente ligada ao aumento das oportunidades de trabalho e renda. “Com a geração de novas vagas, as chances dos mais pobres entrar para o mercado formal de trabalho aumentam. Empregadas, essas pessoas passam a ter renda e a consumir, o que movimenta toda a economia.”
Só no primeiro bimestre deste ano, a cidade criou 5.290 novos postos de trabalho, foi o sexto município do País que mais gerou emprego segundo o Ministério do Trabalho, ficando atrás apenas das grandes capitais.
Outro fator apontado pelo economista como responsável pela melhora na qualidade de vida das famílias mais pobres de Franca são as políticas públicas. “Hoje estamos colhendo os frutos dos programas implementados para a geração de renda, como os que apoiam e instruem o microempreendedor, os que instituem cursos de aperfeiçoamento e inovação. Além, é claro, dos programas assistenciais propriamente ditos, como o Bolsa Família.”
O secretário de Ação Social, Roberto Nunes Rocha, concorda. “Desde que assumimos a Prefeitura de Franca, decidimos transformar os programas que antes eram meramente assistenciais em programas que proporcionem a independência do beneficiário, que o ajude a construir sua própria história. Um exemplo são os cursos de culinária que agora vêm acompanhados dos cursos de técnicas de vendas, de suporte logístico e de instruções legais para comercialização de alimentos. Tudo para que a pessoa possa montar e ter sucesso no seu próprio negócio.”
Segundo o secretário, só nas secretarias Municipais de Desenvolvimento e de Cidadania, existem mais de 1,2 mil vagas em diversos cursos gratuitos voltados para o mercado de trabalho. “O resultado disso é a melhora no rendimento e, consequentemente, na qualidade de vida destas famílias”, disse Roberto Nunes Rocha.
Para o economista Hélio Braga, essa mobilidade social é extremamente positiva para a cidade. “Isso significa que mais pessoas têm renda e estão comprando. Aumentando a circulação da economia da cidade, o que é muito saudável. Esse é um dado bastante positivo.” Segundo o professor, o fenômeno da redução da pobreza não se restringe a Franca. “Ele é um movimento nacional que vem se verificando ano a ano e que deve continuar.”
ASCENSÃO SOCIAL
A dona de casa Cintia Moraes dos Santos, 18, vive na casa da mãe com o marido Carlos Venâncio Degrande, 20, a filha de 11 meses e mais cinco irmãos. Até o último mês, a renda da família era inferior a R$ 900, valor proveniente do salário da mãe, que trabalha em um supermercado. Somente as contas básicas da casa, como água, luz e telefone, comprometem o orçamento da família em cerca de R$ 200.
Em junho, Degrande conseguiu emprego em uma fábrica de calçados, onde trabalha como apontador de sola. Com o novo trabalho, o rendimento da família vai dobrar. “Vou ganhar cerca de R$ 900. Agora a situação melhora um pouco. Vou comprando alguma coisa, minha sogra compra outras, dá para dividir as contas.”
A renda total da casa, que passa a ser de R$ 1,8 mil, coloca a família na Classe C2, como previsto no estudo do IPC Marketing.
Fonte: Portal GCN