Uma combinação envolvendo drogas, prostituição, furto e vingança pode ter sido a causa da execução de duas mulheres e da tentativa de assassinato de um travesti na manhã de domingo. Os corpos de Fabiana Cristina Patrício, 30, e de Jéssica de Jesus Silva, 16, foram encontrados com as mãos amarradas e tiros na cabeça dentro de um Gol no meio de um canavial entre Franca e São José da Bela Vista. Um adolescente de 17 anos conseguiu escapar com vida depois de fingir que estava morto. Fabiana foi testemunha-chave de outro bárbaro crime ocorrido no ano passado e que resultou na prisão de três pessoas. Jéssica morreu porque teria furtado R$ 7 dos criminosos.
Um grupo de ciclistas de Franca fazia trilha em uma estrada de terra próxima ao acampamento Toca do Lobo, quando se deparou com um travesti caminhando ensanguentado. O rapaz contou que havia sido baleado e pediu ajuda. Havia levado um tiro no pulso esquerdo que também acabou acertando o seu pescoço, evidência de que tentou se defender. As testemunhas acionaram a polícia.
Seguindo orientações dos ciclistas, que ouviram disparos e avistaram dois homens correndo com uma arma na mão, os policiais localizaram o Gol com as vítimas a cerca de três quilômetros no meio de um canavial. O carro havia sido furtado um dia antes no Jardim Alvorada em Franca. As duas mulheres estavam mortas no banco traseiro. Levaram tiros na cabeça. As mãos haviam sido amarradas com braçadeiras de plásticos. Fabiana estava grávida. Jéssica era mãe de uma criança de um ano.
Elas não portavam documentos e só foram identificadas horas depois. O homem que morava com Fabiana fez o reconhecimento. Ele foi preso em seguida. Ao checar seus dados, os policiais descobriram que era fugitivo da penitenciária de Bauru.
O travesti estava sentado entre as duas mulheres no banco traseiro na hora de execução. Baleado no braço e pescoço, ele fingiu que havia morrido. Quando os criminosos deixaram o local, ele conseguiu se soltar das algemas de plástico, caminhou pela estrada de terra e pediu ajuda ao grupo de ciclistas. Foi socorrido pelos bombeiros e passou por uma cirurgia na Santa Casa. Segue internado com escolta policial, pois corre risco de ser morto. Não por causa dos ferimentos, mas por saber quem são os autores da execução.
A polícia apurou que as mulheres e o travesti haviam sido levados para uma residência, supostamente, no Jardim Esmeralda, onde consumiram bebidas e drogas. “Em determinado momento, aconteceu uma desavença envolvendo drogas e a subtração de uma pequena quantia em dinheiro. A menor teria se apoderado de R$ 7 de um dos autores”, contou o delegado Márcio Garcia Murari, chefe da equipe de homicídios da DIG.
Não é só. O que mais chama a atenção da polícia é o fato de Fabiana ter sido testemunha do assassinato do lavador de carros Diego Antônio de Carvalho Rosa, 23, em outubro do ano passado. Ele foi agredido com uma paulada na cabeça e depois teve o corpo queimado numa caçamba no Bairro City Petrópolis. Fabiana estava na mesma casa em que os criminosos se reuniram para tramar o crime. Seus relatos ajudaram na elucidação do caso. É possível que tenha sido morta por vingança. “Investigamos, sim, se há relação entre sua morte e o fato dela ter sido testemunha deste homicídio. O testemunho dela muito colaborou para o esclarecimento do crime. Entretanto, outras linhas de investigação estão sendo analisadas, entre elas, o furto do dinheiro e de drogas dentro da residência”, afirmou o delegado Murari.
A Polícia Civil conta com a ajuda da sociedade para chegar aos autores do crime. Denúncias anônimas podem ser feitas pelos fones 3724-1854 e 197.
Fonte: Portal GCN