O Alto Tietê, na região Metropolitana da cidade de São Paulo, é uma área com uma incidência significativa de raios. A afirmação é do pesquisador do Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Dalton Guedes.
Segundo o pesquisador, a região tem de 10 a 13 raios por quilômetro quadrado ao ano. “Isso é uma incidência grande. E um dos motivos para isso é que o Alto Tietê está próximo da Grande São Paulo que é uma região que tem em torno de 15 raios por quilômetro quadrado ao ano”, explica Dalton.
Ele avalia que outro fator é o microclima da região que é próxima da Serra do Mar que forma um canal com a Serra da Mantiqueira. “Essa ligação é a porta de entrada para as tempestades que chegam do oceano”, diz o pesquisador.
Além disso, Dalton avalia que o calor excessivo do verão produz ilhas de calor. Ele observa ainda que o verão, que tem início nesta sexta-feira (21), é marcado por chuvas fortes acompanhadas de descarga elétrica com raio antes e durante as tempestades.
Incidência de raios no Alto
Tietê entre 2009 e 2010
Cidade | Raio por Km² |
Arujá | 13,4 |
Biritiba Mirim | 9,3 |
Ferraz de Vasconcelos | 12,2 |
Guararema | 10,5 |
Itaquaquecetuba | 13,1 |
Mogi das Cruzes | 11,5 |
Poá | 12,2 |
Salesópolis | 10 |
Santa Isabel | 11,3 |
Suzano | 13,1 |
Fonte: Grupo Elat do Inpe |
Acidente
Na tarde da última quinta-feira (20) um casal foi atingido por um raio em uma estrada rural no quilômetro 64 da Rodovia Mogi-Salesópolis. Segundo o Corpo de Bombeiros, eles estavam perto de uma árvore quando receberam a descarga elétrica. Os dois foram socorridos pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e pelos Bombeiros e encaminhados para o Hospital Luzia de Pinho Melo.
O raio no organismo
Segundo o Inpe, a chance de uma pessoa ser atingida por um raio gira em torno de 1 para 1 milhão, mas, na maioria dos casos, a morte e os ferimentos não acontecem por causa da incidência direta e sim por causa de efeitos indiretos de raios que caem perto das vítimas, como incêndios ou quedas de linhas de energia.
A corrente elétrica do raio pode causar queimaduras graves e danos ao coração, pulmões, sistema nervoso central e outras partes do corpo, através de aquecimento e uma variedade de reações eletroquímicas. A gravidade dos danos depende da intensidade da corrente, das partes do corpo afetadas, das condições físicas da vítima, e das condições específicas do incidente.
Ainda de acordo com o Inpe, cerca de 20 a 30 % das vítimas de raios morrem, a maioria delas por parada cardíaca e respiratória. Aproximadamente 70 % dos sobreviventes sofrem por um longo tempo de sérias seqüelas, como perda de memória, diminuição da capacidade de concentração e distúrbios do sono.
Como evitar ferimentos
O Inpe orienta que as pessoas não permaneçam na rua durante tempestades, a não ser que seja absolutamente necessário. Nestes casos, é preciso procurar abrigo em carros não conversíveis, ônibus ou outros veículos metálicos não conversíveis; em moradias ou prédios, de preferência que possuam proteção contra raios; em abrigos subterrâneos, como metrôs ou túneis; em grandes construções com estruturas metálicas; em barcos ou navios metálicos fechados; e finalmente em desfiladeiros ou vales.
Para quem está em casa, as orientações são evitar usar telefone, a não ser que seja sem fio; ficar próximo de tomadas e canos, janelas e portas metálicas; tocar em qualquer equipamento elétrico ligado à rede elétrica. Já quem está na rua deve evitar segurar objetos metálicos longos, tais como varas de pesca, tripés e tacos de golfe; empinar pipas e aeromodelos com fio; andar a cavalo; nadar; e ficar em grupos. Outra dica é evitar lugares que possam oferecer pouca ou nenhuma proteção contra raios, como pequenas construções não protegidas, como celeiros, tendas ou barracos; veículos sem capota, como tratores, motocicletas ou bicicletas; estacionar próximo a árvores ou linhas de energia elétrica.
Ainda de acordo com o Inpe, alguns locais são extremamente perigosos, como topos de morros ou cordilheiras; topos de prédios; áreas abertas, campos de futebol ou golfe; estacionamentos abertos e quadras de tênis; locais próximos a cercas de arame, varais metálicos, linhas aéreas, trilhos e árvores isoladas; estruturas altas, tais como torres, linhas telefônicas e linhas de energia elétrica.
Quando um raio está prestes a cair, os pelos do corpo ficam arrepiados e a pele coça. Nesses casos, o Inpe orienta que a pessoa se ajoelhe e se curve para a frente, colocando as mãos nos joelhos e a cabeça entre eles. Nunca se deite.
Fonte: G1